quinta-feira, 30 de agosto de 2007

"Os Estéreo Tipos" (1) (III)


“O Traçadinhas” (III)

Na manhã seguinte, lá foi procurar os serviços do Politécnico para fazer a matrícula, fazendo os possíveis para passar despercebido. Mas estavam logo à entrada uns “veteranos”, como se tratavam entre eles, embora tenha achado que a maioria não teria mais do que um ou dois anos que ele. Puseram-no logo numa fila e mandaram-no fazer uma dúzia de coisas parvas e ensinaram-lhe três ou quatro frases que mais pareciam de uma claque de futebol. Apesar de tudo, divertiu-se e aquilo acabou por o descontrair.
Mas ao preencher os papéis, apareceram-lhe outros trajados e bastante mais velhos, que traziam uma bandeira, estandarte segundo diziam – e não era, estandarte era o que tinha o rancho lá da terra, em forma de “T” – umas pandeiretas pequeninas e alguns instrumentos de cordas, violas, cavaquinhos e bandolins.
- Ó caloiro, sabes música?
- Um bocadinho, respondeu timidamente.
- Então vais p’ra Tuna. O que é que tocas?- Clarinete.
- Isso para aqui não serve. Não sabes mais nenhum?
- Não serve? Porquê?
- Esses são contos mais largos. Mais tarde te explico, se valer a pena. Mais nenhum?
- Também toco um pouco a rebeca e sei os acordes do cavaquinho e da viola.
- Isso já é outra conversa. Bom, tens aqui o folheto. Apareces na quarta-feira à noite na Associação de Estudantes, depois do jantar.
- Eu nem sei onde isso é.
- Está bom de ver. Desenrasca-te. E não te esqueças eu já aqui fiquei com os teus dados. Encontro-te com facilidade.
- Farei os possíveis.
- Isso também não existe. Apareces e ponto final.

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