terça-feira, 28 de agosto de 2007

“Os Estéreo Tipos” (1) (I)


“O Traçadinhas” (I)

Carlos nasceu numa pequena aldeia à beira Douro perto da vila. Os pais eram agricultoras remediados donos de uns pedaços de terra aos socalcos onde cuidavam da vinha e de umas leiras no vale onde tinham a horta e o pasto para a forragem do par de bois que os ajudavam nas lides campestres. O pai tinha estado alguns anos na Alemanha emigrado mas não se tinha dado nem com o tempo nem com o feitio dos teutónicos, já para não falar das saudades da mulher que tinha ficado na terra. Voltou logo que juntou um pequeno pé-de-meia que lhe permitiu uns arranjos maiores na casa que tinha herdado dos pais e a compra de umas, poucas, alfaias agrícolas que ajudavam na amanha das terras. Carlos era o filho mais novo de três irmãos. Serôdio, já mal se lembrava desses tempos da vida do pai. O irmão mais velho, João, tinha ficado com poucos estudos e tinha-se feito à vida, primeiro na terra, depois nas obras e por fim estabelecendo-se por conta própria num negócio de canalizações. Ana, a irmã do meio, tinha feito o Liceu, casado com um vizinho e abalado a trabalhar com o marido lá para os lados do Porto. Ele ainda se recordava do casamento dela ainda miúdo, talvez com uns sete anos.
Desse casamento ainda se lembrava que tinha tido a boda no Salão da Paróquia, e cuja animação tinha sido feito pela Tuna da terra e com a presença do Rancho da Freguesia onde ela dançou até casar.


Ele conhecia todos os seus elementos, tanto tempo eles passavam na adega lá de casa onde costumavam ensaiar. Não só o pai tinha sido em tempos o mestre, como o irmão João nela tocava a sua rabeca desde que se conhecia como gente. Por tudo isto, lá em casa sempre se respirou música nos tempos de descanso e lazer. O pai tinha um clarinete e um trompete que conservava desde os seus tempos de juventude. Já o irmão sempre mostrara maior inclinação para as cordas.

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