terça-feira, 4 de setembro de 2007
"Os Estéreo Tipos" (1) (VI)
“O Traçadinhas” (VI)
Toda a caloirada ficou a assistir ao primeiro ensaio do ano. Carlos reparou que os tunos pareciam estar especialmente felizes por se reencontrarem depois das férias. Apesar de alguns erros causados pela “ferrugem”, fruto do Verão, os ensaios foram bem animados e o gosto aparente em que toda a gente punha no que estava a fazer cativaram-no definitivamente. Havia de entrar. Havia de conseguir passar as provas todas de que tinham falado. Faria o que fosse necessário para conseguir. Estava certo que já tinha tido coisas piores pela frente.
No final entregaram um instrumento a cada caloiro e obrigaram-nos a tocar uma coisa todos juntos. Mas eles, caloiros, é que tinham de decidir. Entreolharam-se todos e não bastando os instrumentos que queimavam as mãos de cada um, não havia maneira de se porem de acordo. Perante a risota geral lá acabaram por arranhar os “passarinhos a bailar...” que ainda foram obrigados a completar com a respectiva coreografia.
Acabou tudo à gargalhada e saíram em direcção ao bar pois vários estavam já fartos de protestar com sede e com saudade de umas “bejecas”, não sem que no caminho tivesse havido uma distribuição abundante de “calduços” e gozo com todos os novatos.
- Mas olha lá. Tu estavas mesmo com pressa de tirar a naftalina à capa, não era, caloiro?
- Eu julgava que toda a gente já viria assim. Eu via o pessoal sempre trajado na televisão.
- Pois. Vocês lá na serra não deviam ter muito mais para fazer. Ainda deves ser dos que acreditam em tudo o que vêem. – Gozou um outro.
- Então, mas assim é que é bonito. Se não usar o fato enquanto cá estiver quando é que o vou fazer?
- És muito arrebitado a responder. Vê lá se não te queimas... ou se nenhuma trupe te apanha quando estiveres fora da tuna. – Observou um terceiro.
- Trupe? O que é isso? São aqueles que se juntam à noite com as capas todas traçadinhas?
Mais uma gargalhada geral.
- Ora aí está, sem tirar nem pôr. – Sentenciou o da voz do trovão que entretanto se tinha juntado ao grupo. – Vens da serra, és atrevido e teimoso, e arreias logo o traje como um doutor sem pensar no que dizes nem no que fazes e não tens medo. Se o Aquilino ainda andasse por aqui punha-te logo nome. Como não está ponho-to eu e dele já não te livras. Enquanto estiveres aqui dentro nunca vais conhecer outro. Daqui para diante, e que Deus te abençoe, passas a ser o Traçadinhas!
Fim (... de “estória”)
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