terça-feira, 11 de setembro de 2007

FREI JACA RODRIGUES – O Último Goliardo (I)


Jaca Rodrigues nasceu na vila de Quadrazais, lá pelo ano de 1254, e que os pais nunca esqueceram por saberem estar a decorrer as cortes de Leiria para onde tinham partido um par de homens bons da comarca, o Governador da comarca de Sabugal, nobre de baixa estirpe e o superior do convento primordial, muito mais tarde chamado de Sacaparte, de origem templária, lá para os lados de Alfaiates, amigo e protector da sua família, que a sua mãe nunca deixou de lamentar não ter podido ser o seu padrinho e o ter benzido com os Santos Óleos no Baptismo.
Era filho de Rodrigo Jaca, o ferreiro da aldeia, homem de trabalho e dedicação à família e à Pátria mesmo nas mais difíceis condições. Na verdade, a família tinha vindo para aquelas terras seguindo a conquista feita por El-Rei D. Afonso, o Fundador, e para povoação daquela zona da raia. O bisavô do seu pai, Pêro Rodrigues, mais não era que um servo da gleba em que o lugar-tenente do monarca havia reparado pela sua força e destreza e tomara a seu serviço. E que não hesitara em o acompanhar nas campanhas que o Rei ordenara ao sentir o Condado que o seu pai lhe deixara demasiado apertado para as suas ambições. Naqueles anos, a valentia do moço tinha sido tal que o dito nobre o tomara sob a sua protecção, o tinha tornado um homem livre, lhe tinha dado uma tença e um pequeno casal mesmo acabado de tomar aos Mouros.
Acabou por casar com uma rija moça judia que apesar de ter nascido Sara acabou por casar pela Santa Igreja com o nome mais cristão de Leonor e tomar aquelas terras como suas nem que para isso a terra lhe tivesse de comer o sangue.
E nada fácil foi a vida de Pêro Rodrigues e dos seus sucessores. Afinal foram muitos os anos sem um real e verdadeiro descanso. Se por um lado tinham de atentar nas investidas da Mourama, por outro não podiam deixar de olhar para o lado, de onde muitas vezes vinham os castelhanos, os salteadores nos primeiros tempos e depois os soldados do rei.
E o juramento do patriarca sempre foi mantido pelos filhos e pelos filhos dos filhos. Mesmo quando desaparecido o Fundador e os castelhanos tomaram de novos aqueles vales, serranias e florestas, eles se ali mantiveram aparentando fidelidade ao alcaide de ocasião mas nunca esquecendo a fidelidade à dinastia Bolonhesa do Reino de Portugal. E como eles tantos outros. Se não, como compreender que naquele ano de 1254 os homens do Sabugal se apresentassem perante El-Rei D. Afonso III em Leiria, e não perante o velho Rei Afonso X de Castela e Leão, O Sábio, em Toledo ou em Cáceres?

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